NIGÉRIA: Você não pode matar minha alma.

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John Yakubu não tem nada. Ele e sua família foram obrigados a fugir da aldeia de Attagara, no nordeste da Nigéria, depois de um ataque do grupo islâmico Boko Haram. Eles passaram a apenas sobreviver num campo de refugiados.

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Terroristas do Boko Haram mataram, cruelmente, milhares de pessoas e destruíram a aldeia. Casas, empresas e igrejas foram incendiadas. O pior foi o sequestro de centenas de mulheres, incluindo mais de 200 meninas de uma escola em Chibok, com a intenção de criar um Estado islâmico no norte da Nigéria.

Os ataques contra Attagara foram bem planejados e realizados com a brutalidade típica do grupo Boko Haram. Mais de 100 militantes vestidos com uniformes militares invadiram a aldeia predominantemente cristã, logo que o culto de domingo começou. Os rebeldes abriram fogo contra os moradores e, munidos de seus facões, começaram a matança.

Sawaltha Wandala, 55, contou que quando chegava para o culto viu um militante jogando uma criança, aparentemente morta, dentro de uma vala. Por impulso, Wandala correu até a criança e viu que ela ainda estava viva. Ela tinha, aproximadamente, seis aninhos de idade.

Wandala pegou-a no colo e correu em direção ao hospital em busca de socorro. Foi quando cinco militantes a pararam e, arrancando a criança dos seus braços, cortaram-na em pedaços. Depois, eles começaram a agredir Wandala com pedaços de pau. Um dos agressores lançou-lhe uma pedra na cabeça deixando-a como morta, estendida no chão.

Não sobrou quase nada na vila, mas mesmo assim, dois dias depois, o grupo retornou terminando a destruição. Os militantes também atacaram outras aldeias do distrito de Gwoza.

Os moradores que sobreviveram, após enterrarem seus mortos, tiveram que sair a procura de um lugar para sobreviver. John Yakubu e sua família estão dentre os que fugiram pela fronteira para a vizinha República dos Camarões.

Por causa da fome avassaladora, John decidiu voltar para Attagara na tentativa de recuperar alguns de seus animais, esperando que ele pudesse vendê-los para sustentar sua família. Embora fosse perigoso, não havia escolha. Em casa, ele decidiu pegar outros pertences, incluindo a Bíblia da família.

John foi surpreendido por insurgentes do Boko Haram que o viram entrar em casa. John foi capturado. “Nós sabemos quem você é John”, os militantes disseram-lhe. “Você tem que se converter ao islamismo, ou então você terá uma morte dolorosa.”

John recusou a oferta. Eles amarraram seus pés e mãos numa árvore. Os agressores começaram a fazer cortes profundos nas mãos de John. Enquanto o sangue escorria, eles zombavam da sua fé: “Você pode se tornar um muçulmano agora?”

Aos berros, John afirmou: “Vocês podem matar meu corpo, mas não a minha alma!”

Eles continuaram a torturar John. Agora, os cortes eram nos pés e nas costas dele. Eles só paravam para perguntar se John queria negar a Jesus. Cheios de fúria, por causa da persistência de John, os militantes do Boko Haram usaram um machado, com toda violência, contra seu joelho a ponto de atingir o osso da perna. Usaram também uma faca para desferir golpes contra a sua cabeça. John perdeu a consciência. Os terroristas o abandonaram para morrer. Após três dias, John foi resgatado e levado para um hospital em estado de coma.

No hospital, um colaborador da VdM conheceu John e lhe perguntou qual era o sentimento dele a respeito de seus agressores. John, responde: “Eu perdoei os militantes islâmicos porque eles não sabem o que estão fazendo.”

Relatórios apontam que militantes do Boko Haram mataram três mil pessoas só este ano, e ataques continuam com uma frequência alarmante, deixando muitos feridos graves.

A VdM está ajudando mais de 30 pessoas que ficaram gravemente feridas nos ataques do distrito de Gwoza, além de prestar assistência aos refugiados.

Fonte: Voz dos Mártires
28 de agosto de 2014

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