Sepultamento Israelita: Pranteadores, Música e Procissão (Pt 2/2)
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O Féretro
Entre os israelitas era comum fazerem-se procissões para o sepultamento de um morto. Geralmente o corpo era transportado em alguma espécie de andor, que em alguns casos não passava de algumas tábuas.
O uso de féretro remonta ao tempo de rei Davi (2 Sm 3.31), e ainda era utilizado nos tempos de Jesus Cristo. Um dos milagres de Jesus foi justamente a ressureição de um rapaz que jazia num desses “andores”. Jesus tocou no esquife e milagrosamente o moço se sentou e se pôs a conversar (Lc 7.11-15).
Muitas vezes o féretro indicava a ocupação ou condição social daquele que ali estava. Se se tratasse de uma jovem noiva, haveria uma espécie de toldo sobre ele. Acredita-se que os ricos tinham féretros mais elaborados do que de uma família pobre.
A Procissão e os Pranteadores
A Procissão fúnebre não tinha nada de silenciosa, pois aquele povo, de modo feral, gostava de extravasar suas emoções, chorando alto. Batendo nopeito, e até rasgando as próprias vestes. Numa processão fúnebre bem numerosa não poderiam faltar três elementos bem importantes.
1- Pranteadores. Os israelitas não tinham o menor constrangimento em externar ruidosamente sua dor. Normalmente reunia-se amigos parentes e até pranteadores profissionais para fazer uma despedida chorosa do morto.
No caso da ressurreição da filha de Jairo, os pranteadores que estavam na casa não gostaram muito do fato de Jesus tê-los mandado embora, provavelmente por temerem não receber o pagamento de seus serviços (Mt 9.24). Esses profissionais do pranto às vezes gritavam o nome de algum parente do morto para dar um toque pessoal ao lamento, e aumentar ainda mais a tristeza.
Até mesmo as famílias mais pobres tinham de contratar um pranteador, mesmo que fosse um só.
Cantores e Instrumentos Musicais
2- Cantores. Muitos dos salmos e outros hinos tradicionais se encaixavam bem em cerimonias fúnebres, às vezes até se compunham hinos especiais para a ocasião, principalmente quando o morto era importante como o rei Josias, por exemplo. E alguns deles eram lembrados durante muitos anos e
ainda continuarem sendo entoados (2 Cr 32.25).
O rei Davi foi um dos que compuseram hinos fúnebres por ocasião da morte de entes queridos. Ele não procurava reprimir o sentimento de tristeza que dominava nesses momentos, esses hinos foram coletados provavelmente adicionados ao livro dos Justos (2 Sm 1.18).
3- Instrumentos Musicais. Entre outros, o instrumento musical mais comum na antiguidade, em muitas ações, e também para os israelitas, era a flauta. Quase sempre, os músicos vinham na retaguarda da procissão
Fúnebre
Como nas leis bíblicas não havia dispositivos acerca dos funerais, alguns rabis tomaram a si a responsabilidade de regulamentar a questão. Fizeram regras determinando como as flautas deveriam ser tocadas e estabelecendo o número certo de pranteadores para o funeral.
A lei bíblica limitava-se a dispor sobre as práticas observadas pelas nações gentias. Proibiam que os pranteadores se ferissem (Lv 19.28), ou raspassem as sobrancelhas e cílios (Dt 14.1).
Havia ainda outros costumes associados com funerais e luto dentre os quais o de se rasgar a roupa, para expressar a dor pela perda. Geralmente esse gesto, símbolo do desespero, não provocava um rasgão muito grande. Baclay afirma que existiam 39 leis regulamentando a maneira certa de uma pessoa enlutada rasgar a roupa. Outra prática do enlutado era jogar cinzas sobre a cabeça, o rosto e as roupas.
A cinza principalmente se misturada a terra, simbolizava um profundo sentimento de humilhação diante de Deus e dos homens. Outras atitudes associadas a demonstrações de tristeza, também muito aceitas entre eles, eram rapar a cabeça, jejuar e ficar meditando em total silêncio.
Cremação
Ao que parece, a Bíblia não toca muito na questão da cremação. Os casos em que corpos de mortos foram queimados a fogo parecem estar relacionados com atos de punição (Js 7.25). Com relação a isso, existem dois fatos claros. Primeiro, nem os israelitas nem os cristãos primitivos costumavam praticar a cremação.
Segundo tempos depois os mestres judeus passaram a condená-la, contudo, como eles condenavam muita coisa, suas posições nesse sentido não acrescentam quase nada a nossa compreensão do assunto.
Túmulos e Pedras Roladas
Os primeiros túmulos eram cavernas. Com o passar do tempo, foram-se criando sepulcros mais elaborados, e surgiram as criptas, depois passou0se a escavar uma espécie de gaveta para se colocarem nela as caixas com ossos. Geralmente, num mesmo local havia espaço para se sepultarem cerca de doze
ou mais pessoas de uma mesma família.
No centro, ao chão havia uma laje, onde se depositava o corpo, até que se decompusesse. O corpo de Jesus foi depositado sobre uma pedra assim, no interior do túmulo (lc 23.55). O túmulo onde Jesus foi sepultado fora aberto numa rocha (Mt 27.60). Esse tipo era muito comum e havia preferência por rochas calcárias.
Uma Grande Pedra Para Proteger os Cadáveres
Não se sabe ao certo se se tratava de um túmulo novo, ou de um que já existia, e que apenas fora modificado. Havia sepulturas que eram cavadas abaixo do nível do solo as quais se chegava por meio de uma escadinha. Costumava-se fechar a entrada do tumulo com uma grande pedra para proteger os cadáveres de animais carniceiros (como cães, por exemplo) ou de ladrões. Essas pedras em geral eram redondas sendo rolada para boca do túmulo, onde se encaixavam em pequenas valetas para ficarem firmes.
Quando a família do morto era rica, mandava fazer entalhes de pedra. Entalhavam-se figuras ou palavras de conforto, ou o nome do falecido. Alguns gregos e romanos mandavam esculpir colunas de cada lado da entrada do túmulo. Alguns famílias judias também mandavam fazer inscrições nas sepulturas, um exemplo disso foi o que o rei Josias viu em Betel (2 Rs 23.17) e ele quis saber o significado daquilo, pois o túmulo tinha uma aparência diferente.
Em certas circunstâncias se um judeu tocasse num sepulcro era considerado impuro. Pode ser por isso que eles costumavam caiá-los (Mt 23.27), para que pudessem identifica-los prontamente e não tocar neles por engano. A narrativa da morte de Lázaro em João 11, constitui uma excelente descrição de um funeral no primeiro século.
Autor: Kaio Gomes