A Cultura e a Religião Babilônica Sobre os Judeus
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A cultura e a religião babilônica eram profundamente interligadas e influenciaram grande parte do mundo antigo. A Babilônia, situada na Mesopotâmia (atual Iraque), foi um dos mais importantes centros culturais da Antiguidade, especialmente durante o reinado de Hamurábi (1792–1750 a.C.) e, mais tarde, de Nabucodonosor II (604–562 a.C.). Sua cultura mesclava influências sumérias e acadianas, resultando em uma sociedade rica em ciência, arte, literatura e religião.
- Cultura Babilônica
A cultura babilônica era marcada por avanços notáveis em várias áreas:
Arquitetura e engenharia: Construíram zigurates (templos em forma de pirâmide escalonada), palácios monumentais e a lendária Torre de Babel. Os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, também são atribuídos a eles.
Escrita cuneiforme: Usavam tábuas de argila para registrar leis, transações comerciais, mitos e astronomia.
Código de Hamurábi: Um dos primeiros e mais famosos conjuntos de leis escritas, baseado no princípio de “olho por olho, dente por dente”.

Astronomia e matemática: Desenvolveram um sistema numérico sexagesimal (base 60), usado até hoje para medir tempo (60 minutos) e ângulos (360 graus). Também estudavam planetas e estrelas.
Arte e literatura: Produziram épicos como a Epopeia de Gilgamesh, um dos primeiros registros literários da humanidade.
- Religião Babilônica
A religião babilônica era politeísta e baseada em uma complexa mitologia mesopotâmica. Os deuses tinham características antropomórficas e estavam associados a forças da natureza e funções sociais.
Principais Deuses Babilônicos
Marduque: Deus supremo, padroeiro da Babilônia. Derrotou Tiamat (divindade do caos) e criou o mundo, segundo o mito da criação Enuma Elish.
Ishtar (Inanna): Deusa do amor, fertilidade e guerra. Associada ao planeta Vênus, seu culto incluía ritos sexuais e festivais exuberantes.
Enlil: Deus do vento e das tempestades. Antes de Marduque, era a principal divindade.
Ea (Enki): Deus da sabedoria, da água e da magia.
Shamash: Deus do sol e da justiça, associado à ordem moral.
Nabu: Deus da escrita e da sabedoria.
Tiamat: Deusa primordial do caos, representada como um dragão ou serpente.
Babilônia: Templos e Sacerdotes
Os zigurates eram os templos religiosos, onde os sacerdotes realizavam rituais para manter o favor dos deuses. As estátuas divinas eram alimentadas e vestidas simbolicamente, e os deuses eram consultados por meio de oráculos e augúrios.
Crenças sobre a Vida e a Morte
A visão babilônica da vida após a morte era sombria. Os mortos iam para o submundo (Irkalla), governado por Ereshkigal, onde viviam como sombras sem esperança de redenção ou bem-aventurança.
- Influência e Legado
A cultura e religião babilônica influenciaram os hebreus, persas, gregos e até mesmo conceitos cristãos posteriores. Muitos elementos, como o Dilúvio na Epopeia de Gilgamesh, têm paralelos na Bíblia.
A cultura e a religião babilônica influenciaram os judeus de várias formas durante o período do cativeiro babilônico (586–538 a.C.), quando Nabucodonosor II destruiu Jerusalém e levou muitos judeus para a Babilônia. Esse contato com a civilização babilônica impactou aspectos da teologia, da literatura, da organização religiosa e da visão escatológica dos judeus. Aqui estão alguns dos principais pontos dessa influência:
- Influência na Literatura e Narrativas Bíblicas
Os judeus exilados entraram em contato com mitos e tradições babilônicas que ecoam em relatos bíblicos. Alguns exemplos são:
História da Criação: O relato bíblico da criação em Gênesis 1 tem paralelos com o mito babilônico Enuma Elish, onde o deus Marduque derrota Tiamat (o caos) e cria o mundo. Em Gênesis, Deus (YHWH) cria o mundo ordenadamente, sem luta contra o caos, mas a estrutura narrativa lembra o modelo babilônico.
O Dilúvio: O relato do Dilúvio em Gênesis 6–9 tem semelhanças com a Epopeia de Gilgamesh, onde Utnapistim (um “Noé” babilônico) sobrevive a uma grande inundação enviado pelos deuses e solta aves para ver se a terra secou.
O Livro de Daniel: O próprio livro de Daniel reflete a influência da cultura babilônica, incluindo a presença de adivinhação, sonhos proféticos e o conceito de reinos sucessivos, que lembra crenças astrológicas babilônicas.
- Mudanças na Estrutura Religiosa Judaica
Com a destruição do Templo de Salomão, os judeus não podiam mais oferecer sacrifícios em Jerusalém. Isso levou a algumas mudanças:
Ênfase na oração e no estudo: Em vez de sacrifícios, os judeus começaram a valorizar mais a oração e a leitura das Escrituras, o que pode ter ajudado no desenvolvimento posterior das sinagogas.
Compilação de textos sagrados: Durante o exílio, os judeus começaram a compilar e editar textos sagrados, formando a base da Torá e outros livros do Antigo Testamento.
- Influência na Escatologia Judaica (Fins dos Tempos)
Os babilônios tinham uma visão cíclica da história, com impérios surgindo e caindo segundo a vontade dos deuses. Isso influenciou a forma como os judeus passaram a ver o futuro e a esperança da restauração:
Daniel e a profecia das quatro bestas (Daniel 7): A ideia de reinos sucessivos que seriam destruídos pelo reino de Deus tem um paralelo na astrologia e nas previsões babilônicas.
O conceito de anjos e demônios: Embora já houvesse menções a anjos no judaísmo antes do exílio, a visão de anjos como seres organizados em hierarquias (como Gabriel e Miguel) ganhou força nesse período, possivelmente influenciada pelas crenças babilônicas sobre espíritos e deuses menores.
- Influência na Língua e na Cultura Judaica
Uso do aramaico: Os judeus adotaram o aramaico, a língua franca do Império Babilônico, que se tornou a língua do povo judeu nos séculos seguintes e foi a principal língua falada no tempo de Jesus.
Mudança na visão de Deus: Durante o exílio, os judeus reforçaram a crença de que YHWH era o Deus de toda a Terra, não apenas de Israel, uma resposta ao desafio do exílio em uma terra estrangeira.
- Impacto na Organização Política e Religiosa Pós-Exílio
Quando os judeus voltaram para Judá após o decreto de Ciro, eles trouxeram ideias organizacionais aprendidas na Babilônia:
Centralização do sacerdócio: Os sacerdotes da linhagem de Arão ganharam mais autoridade, influenciados pelo modelo de sacerdotes babilônicos que organizavam a vida religiosa do povo.
A ideia de um “governador” subordinado a um império maior: No período pós-exílio, Jerusalém passou a ser governada por líderes como Zorobabel e Neemias, um modelo semelhante ao que os babilônios usavam para administrar suas províncias.
Hebraico e Aramaico Pré e Pós-Exílio.
O aramaico aprendido na Babilônia e o hebraico original dos judeus pertencem à mesma família linguística, mas apresentam diferenças importantes. Ambos são línguas semíticas, assim como o árabe e o acádio. Durante o exílio babilônico (586–538 a.C.), os judeus foram expostos ao aramaico imperial, a língua oficial do Império Babilônico e, mais tarde, do Império Persa. Isso levou a uma substituição gradual do hebraico como língua falada pelo aramaico, que se tornou o idioma do dia a dia dos judeus no período pós-exílico.
- Diferenças entre o Hebraico Antigo e o Aramaico Babilônico
a) Escrita e Alfabeto
O hebraico original usava um alfabeto semelhante ao fenício (escrita paleo-hebraica). O aramaico babilônico utilizava uma variação da escrita fenícia, que evoluiu para o alfabeto quadrático, que se tornou o hebraico moderno. Exemplo:
Em paleo-hebraico: יהוה (YHWH – Nome de Deus)
Em aramaico quadrático: יהוה (YHWH, mesmo significado, mas grafia diferente)
Com o tempo, os judeus passaram a escrever o hebraico com o alfabeto aramaico, que é o mesmo usado até hoje.
b) Fonética e Pronúncia
O hebraico antigo tinha consoantes guturais fortes e vogais mais abertas. O aramaico suavizou algumas pronúncias e tinha mudanças fonéticas, como:
O “ayin” (ע) era mais gutural no hebraico e mais brando no aramaico. O “tav” (ת) sem ponto (dagesh) se tornou “th” no aramaico, enquanto no hebraico permaneceu como “t”. No aramaico, a terminação “-im” do plural hebraico passou a ser “-in” (exemplo: “malachim” → “malachin”).
c) Vocabulário e Expressões
O aramaico e o hebraico compartilham muitas palavras, mas há diferenças importantes. Com o tempo, muitas palavras aramaicas foram incorporadas ao hebraico pós-exílico.
d) Estrutura Gramatical
O hebraico antigo usava construções verbais mais curtas e formais. O aramaico babilônico introduziu algumas novas formas gramaticais, como o uso do pronome sufixado para indicar posse. Exemplo:
Hebraico: Avinu (אבינו) – “Nosso Pai”
Aramaico: Avun (אבונא) – “Nosso Pai” (Pai Nosso, do aramaico de Jesus)
Essa diferença é notada em orações como o “Pai Nosso”, que originalmente foi dito em aramaico por Jesus.
- O Aramaico na Vida Judaica Pós-Exílio
Após o exílio, o aramaico se tornou a língua falada dos judeus, enquanto o hebraico permaneceu como língua litúrgica e erudita. Isso gerou algumas mudanças:
Partes da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) estão em aramaico, como: Daniel 2:4–7:28 / Esdras 4:8–6:18; 7:12–26. Algumas palavras em Jeremias e Gênesis. O Talmude Babilônico (Talmud Bavli), que é a principal coleção de ensinamentos rabínicos, foi escrito em aramaico.
As Targumim, traduções da Bíblia para o aramaico, ajudavam o povo a entender os textos sagrados.
- O Hebraico Retornou como Língua Viva?
Sim, mas só muito depois! O hebraico permaneceu como língua sagrada usada nas sinagogas e na literatura religiosa, enquanto os judeus falavam aramaico, grego, árabe e outras línguas. Apenas no século XIX, com o movimento sionista, o hebraico foi revitalizado como língua nacional de Israel.
Conclusão
O contato com a Babilônia fez com que os judeus absorvessem o aramaico como língua do cotidiano, enquanto o hebraico antigo se manteve na religião e nos escritos sagrados. Essa influência foi tão forte que, no tempo de Jesus, a maioria dos judeus falava aramaico, e o próprio Jesus usou palavras aramaicas em seus ensinamentos.